Encontrei este artigo numa das páginas antigas do Futebol Interior. Apesar de ter sido escrito há mais de dois anos, o tema é mais do que atual, então resolvi reproduzir aqui.
A opinião é assinado por Sílvio Gumiero.
" A Qualificação Técnica
Acredito que todos os clubes, antes de iniciarem seus campeonatos, fazem planejamentos. Bons ou ruins, curtos ou longos, mas fazem. O orçamento financeiro para a folha de pagamento e viagens, os parceiros que adquirem os patrocínios dando suporte aos custos e tantos outros itens importantes nessa empreitada. A montagem da comissão técnica e o elenco, tanto em número de atletas como suas qualidades fazem a diferença.
Aí é que acontecem os maiores erros. Os acertos são poucos. Normalmente o técnico, quase sempre dependendo do recurso financeiro disponível, monta o elenco. O clube acerta os contratos com os atletas para o campeonato ou para a temporada que vai de janeiro a dezembro. Mas em poucas situações o time vai bem na competição e o técnico junto com os atletas cumprem seus contratos até o final.
A grande maioria dos times não alcança seus objetivos nas primeiras rodadas e a dança dos técnicos começa. Veja o exemplo dos Campeonatos Paulistas das Séries A1 e A2. Na A1 depois de 9 rodadas, 10 times já trocaram seus técnicos. Na A2, também depois de 9 rodadas e por coincidência 10 times trocaram seus técnicos. Alguns trocaram mais de uma vez.
Como fica o elenco que tinha a confiança do técnico que depois foi embora? Aquele que chega sempre pede contratações. É nessa hora que entra a qualificação técnica. Essa qualificação precisa ser feita pela direção de futebol com o aval do presidente. Bem entendido, antes de o campeonato começar, no momento da montagem. Assim o elenco é o de confiança da diretoria, independentemente do nome do técnico.
Para isso é necessário que os dirigentes tenham uma visão sistêmica do negócio do futebol. Buscar atletas a um custo compatível com o orçamento, através de olheiros em muitos estados e em várias divisões. Esses dirigentes têm que estar plugados no futebol 24 horas por dia. De preferência sem paixão clubística e remunerados. O dirigente de futebol deve ter a postura semelhante ao executivo de uma empresa privada. O que interessa é uma boa gestão e de preferência com lucro. Isso só acontece com a qualidade técnica de um time. "
[Nota: negritos são por minha conta]
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De fato, o sucesso de um clube é fruto da boa qualidade técnica do seu plantel e da comissão técnica. E essa qualidade só é alcançada com uma gestão administrativa muito bem feita, e a duração da glória costuma ser praticamente a mesma dessa gestão.
Só que as dificuldades que na prática esses dirigentes enfrentam nas divisões inferiores são quase insuperáveis, quando a estrutura de um clube - principalmente as tradicionais - impede a remuneração da diretoria eleita entre os associados, e esses diretores não têm dedicação exclusiva nem capacitação profissional adequada para gerenciar os destinos do seu time nos campeonatos. Daí, um eventual sucesso de uma campanha é muitas vezes fruto mais da sorte e empenho pessoal e emocional desses diretores do que propriamente da sua capacidade gerencial.
Por outro lado, a saída para a terceirização tem-se mostrado altamente perigosa e frustrante na sua imensa maioria dos casos. (Vide o exemplo da própria Águia em 2004, do Burro da Central no ano passado, e a lamentável situação da Ferroviária este ano, entre tantos outros...)
O que é inegável e inquestionável é o despreparo da maioria desses dirigentes atualmente à frente dos seus clubes, o que é refletido até mesmo na tomada de decisões a favor ou contra terceirização. Então, está mais do que na hora de os clubes começarem a investir seriamente nos seus próprios diretores para que eles se qualfiquem devidamente para uma gestão eficiente e inteligente do futebol. O diferencial de qualidade de um clube começa na diretoria.
terça-feira, 31 de março de 2009
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