sábado, 18 de julho de 2009

Torcida, Torcedor e Violência

Entre todos os motivos pelos quais tenho me ausentado deste blog, há um que precisei de tempo para meditar e só hoje consigo falar.

Como se não bastasse o trio de necessidades essenciais que me falta no momento (o computador, o tempo e o dinheiro...!) houve há alguns dias atrás um incidente que me deixou absolutamente desgostosa e sem inspiração para voltar neste blog dedicado à Águia do Vale, time que tem a maior torcida do interior paulista.

A maior torcida, sim. Mas será que é a melhor? Queria continuar acreditando que sim, pois o erro de uma minoria não deveria comprometer a credibilidade da totalidade. Por erro estou falando da prática da violência - física e moral - cometida por alguns torcedores da Águia contra os jogadores do Taubaté e contra os seus torcedores que vieram acompanhar o seu time jogar com outro time desta cidade. Nem era jogo contra a Águia...!

Esse incidente terrível como que me acordou para uma realidade que eu teimava em "esquecer". O futebol alegre, o futebol inocente, o futebol laser é coisa do passado. Hoje, o futebol é coisa séria. É (para seus promotores) negócio de alto risco com milhões em jogo, e refúgio para o povo-espectador, onde os violentos encontram desculpas para praticar atos de vandalismo e intimidação em nome do seu clube, o que em outras circunstâncias seriam execrados como marginais.

Esse cenário é tão mais grave quanto mais o time ganha destaque. É raro, quase nulo acontecerem atos de barbárie praticados por torcedores de time de pouca expressão. Mas basta o time ascender ao destaque estadual ou nacional que esses atos começam a pipocar aqui e ali. O São José tem o firme propósito de retornar à Série A1, e esse objetivo deverá ser alcançado no próximo ano. Qual, então, será o comportamento dos torcedores?

A torcida da Águia é impressionante. É o maior público do interior, incentiva o time em todos os momentos do jogo, nenhum obstáculo a impede de acompanhar os seus jogos enfrentando maus tempos e distâncias, orgulha-se dos bons resultados como nenhuma outra torcida, cobra e pressiona a diretoria do clube mais do que nenhuma outra, permanece fiel mesmo nas piores decepções. Assim, a alegria e o orgulho de pertencer a essa nação quando o time subir à elite do futebol, não serão menores que a de qualquer outra torcida deste mundo e nem menos justos e merecidos.

Mas, como o ditado popular diz, uma maçã podre pode comprometer toda a colheita...
O orgulho e felicidade de torcer por um time vitorioso pode dar a falsa impressão de que o poder do time é também o seu poder. No meio da imensa maioria de torcedores pacíficos, há pessoas que ontem quebraram uma porta e arrancaram a camisa de torcedores do time rival. E essas pessoas ganharam a coragem de praticar esses atos por pertencerem a uma "nação" de torcedores, e acreditaram que tinham o aval dessa nação (como outras "nações" parecem aprovar ou tolerar). E amanhã, quando a Águia estiver voando na elite? o que será que essas pessoas farão? E as Torcidas Organizadas? O que elas pensam hoje, o que farão amanhã?

Não tenho dúvidas de que essas mesmas pessoas que praticaram os atos de violência também são capazes de atos da maior abnegação e sacrifício a favor do clube e dos seus amigos e companheiros torcedores. Entretanto, se desejamos ser uma torcida diferenciada não só na quantidade como também - principalmente - na qualidade, não podemos tolerar que tais atos repitam, ou acabaremos nivelados "por baixo". Se hoje esta torcida é manchete na mídia que enaltece a sua dedicação e amor pelo time, amanhã poderá ser alvo de condenação geral da sociedade... por causa de uns poucos, pouquíssimos torcedores que não controlam a sua violência, escudados pelo suposto aval da sua "nação".

Não vou entrar no mérito da natureza humana violenta, todos somos violentos em maior ou menor grau. Mas o que nos faz merecedores da paz e nos dá o direito de viver nesta sociedade é a nossa capacidade de controlar os ímpetos violentos seja contra quem ou o que for. Esses torcedores também são capazes de se controlarem, mas para isso A SUA NAÇÃO DEVE DIZER A ELES QUE DESAPROVA A VIOLÊNCIA.

" BASTA DE VIOLÊNCIA! "

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