Glauco e Bruno eram companheiros inseparáveis desde categoria de base. Ambos da cidade, começaram no futebol profissional pela A. A. Joseense, de onde vieram juntos para a Águia em 2004 (antes, em 1998 e 99 atuaram pelo clube na categoria de base), Glauco como meia e Bruno como meia-atacante. A dupla, de tão entrosada, não precisava nem se falarem, jogava por telepatia. Bruno, atacante, era mais talentoso, Glauco mais atrás, era um incansável marcador e dirigente armador. Os dois, enquanto dupla, armavam jogadas maravilhosas. A sua atuação no campo era algo lindo, emocionante de se ver.
Bruno tem um caráter expansivo, voluntarioso, emotivo. Glauco é mais reservado, aplicado, disciplinado. Acredito que, deste modo, eles se completavam inclusive a nível psicológico.
Bruno e Glauco faziam parte dos jogadores "da casa", recrutados entre os jogadores da cidade nos anos passados pelo então presidente do São José, Wilson Renato e seu técnico da categoria de base, Marião, para montar um time "caseiro", "bom e barato", em função das enormes dificuldades financeiras. Pois esse modesto time de casa correspondeu, deu sangue pela camisa que vestia mesmo "comendo o pão que o diabo amassou", e logrou ascender novamente à série A2 no campeonato de 2006.
Só que no fim daquele ano, chegou o técnico Toninho Moura. A diretoria do clube havia mudado, a Associação Amigos do São José havia acabado de eleger o seu candidato. Havia dinheiro dos associados para gastar, e havia a proposta de montar uma equipe mais competitiva.
Toninho viera para o São José sob o estigma de ser "taubateano" (nosso maior rival!), porém é um homem sério e honrado, trabalhou bastante enquanto foi nosso técnico, não se pode negar esse crédito. Mas não soube administrar o clima de racha que surgiu dentro da equipe que comandava.
A equipe de 2007 ficou composta por jogadores remanescentes do "time do Marião" e jogadores que eram contratados por indicação do Toninho. E (claro) o técnico dava a preferência da titularidade aos jogadores que ele havia trazido. Assim, era totalmente previsível que o "orgulho de ser joseense" poderia ficar melindrado diante dessa preferência dada aos jogadores vindos de fora, sem vínculo emocional com o clube e a torcida. E era obrigação do técnico (e da diretoria) cuidar para que o clima entre os jogadores "de casa" e "forasteiros" se mantivesse amistoso e cooperativo. Toninho infelizmente não soube trabalhar esse lado psicológico dos seus comandados, e coube a cada um dos jogadores escolherem a sua própria atitude, sem orientação e ou incentivo adequados do seu "professor". Glauco, mais fleumático, acredito que aceitou a situação como um desafio, ele sempre foi um rapaz amistoso e trabalhador, foi cavar o seu lugar ao sol através de trabalho duro, enquanto que Bruno, aparentemente (não tenho provas do que digo) era um dos que mais se queixavam à diretoria sobre esse clima inamistoso, criando para si a fama de ser "intratável".
E para piorar, não sei por qual motivo, Toninho insistiu desde o começo em "quebrar" a dupla Bruno e Glauco, os dois nunca entravam juntos num jogo. Ambos eram reservas mas Glauco às vezes entrava como titular enquanto que muitas vezes o Bruno nem era escalado, deixando claro a preferência do técnico pelo Glauco - compreensível, considerada a personalidade de ambos. (Um ano depois, Toninho tentou corrigir esse erro procurando colocar a dupla em campo, mas até então, o time tinha meio de campo simplesmente medíocre...) Talvez isso tenha contribuído para Bruno se sentir alijado, ele acabou indo buscar a compensação numa vida pessoal cada vez mais desregrada. O que piorou ainda mais a sua situação dentro da equipe e junto à diretoria, resultando na não renovação do seu contrato para o segundo semestre de 2008.
Ele ficou sem jogar no último semestre. Mas logo no início deste ano (2009) tivemos a notícia de que ele havia sido contratado pelo Monte Azul, um time de pouca tradição, mas que aparentemente entrou no campeonato deste ano para brigar pelo acesso. Foram contratados também o zagueiro Ricardo Villa - o homem do 1000º gol do São José - e meia André Bilinha, ambos parte do elenco de 2008, sob o comando do experiente técnico Edson Só. (Monte Azul jogou neste domingo contra Ferroviária empatando em 0 a 0.)
Enquanto isso, Glauco continuou aqui mesmo, exibindo o seu dedicado futebol para a torcida joseense. Mas ele não foi escalado para o jogo de estréia de ontem, dia 25 de janeiro. Nem será, por uns 30 ou 40 dias, segundo dizem. Ele está seriamente contundido no joelho, obrigando-o a tratamento e período de afastamento.
E, então, deu no noticiário da Rádio Bandeirantes desta noite:
1) Foi contratado um novo meia, chamado Danilo Baia, capixaba de 22 anos e ex-Rio Branco, para substituir o Glauco;
2) Bruno não teria assinado o contrato com Monte Azul, após uma semana treinando com a equipe, e se encontra na cidade.
O comentarista da rádio, após criticar duramente a atuação do time no último jogo, deixou no ar a esperança de ver Bruno de volta ao ninho da Águia. Se Deus quiser, Bruno voltará para nós! E Glauco ficará bem, em forma outra vez! E quem sabe, eles voltam a jogar juntos aquele futebol talentoso da dupla, para a alegria da torcida!
Adendo 1: ocorreu-me agora que a não contratação do Bruno por Monte Azul teria talvez um dedo da nossa diretoria... Não sei se no mundo de futebol acontece o mesmo, mas nenhuma empresa contrata um funcionário sem antes buscar referências junto às empresas onde o candadto já trabalhou. Se Monte Azul buscou informações sobre o caráter do Bruno, talvez essas informações tenham desencorajado a diretoria de lá a contratá-lo.
Adendo 2: no site oficial do A.M.A. há a notícia da contratação do Bruno, com foto dele apertando a mão do vice presidente do clube, portanto ele de fato chegou a assinar o contrato. Entretanto, ainda não há nenhuma notícia da sua dispensa, e parece que o site é bem atualizado e minucioso (há notícia da dispensa de 3 outros jogadores, com motivos da rescisão). O que será que está acontecendo?... Aliás, deu uma inveja de ver um site tão bem elaborado!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
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